25.12.15

O lobo da estepe - Hermann Hesse

Sobre o Autor
O que eu sei do Hermann Hesse? Que ele é o autor do livro Sidharta, que ele ganhou prêmio nobel de literatura. Que ele foi influenciado pelo pensamento oriental, principalmente o que vem da Índia. Que ele tinha uma placa em sua casa onde dizia que "visitantes não eram bem vindos".

O interessante de ler um livro não é propriamente em ter contato com a história, mas sim com a alma do autor. Perceber-lhe os pensamentos e sentimentos. Sua visão de mundo. Outra coisa que aprendi é que mais que outros, os seus livros tem cunho fortemente autobiográficos.

Sobre o Livro
O Lobo da Estepe é um diálogo do autor com sua alma, onde através da atmosfera onírica, que permeia todo o livro, foi construído um cenário que mostra aquilo que foi, o que se hoje é, e naquilo que se transformou.

O início do livro tem uma forma escura e sufocante, ilustrando a angústia e falta de perspectiva do personagem Harry Haller frente à vida. É escuro por estar mergulhado em torpor que lhe tira o brilho das coisas, que os anos lhe marcaram com inúmeras feridas que não lhe permitem enxergar a vida senão através do prisma de um lugar de tormentos. É sufocante pois suas dores que lhe atingem tanto a alma quanto o corpo retiram qualquer sopro de vida que lhe permita renovar as forças, a vida é pesada como uma sala de ar viciado, a percepção de um mergulho que foi fundo para voltar a superfície a tempo.

Esse é Harry Haller, um homem que chegou aos cinquenta anos e que a única coisa que deseja é a morte. E não só lhe deseja, como ela lhe espera em casa através da lâmina da navalha de barbear. Harry é portanto um homem que perdeu sua alma e através do suicídio quer reencontrá-la.

Mas por medo do que lhe espera do outro lado do umbral que separa vida da morte, foge de si mesmo, foge do lobo da estepe que anseia por sangue e aniquilação. E nas vagas do desejo de sangue, na fuga de si mesmo ele acaba por se encontrar, ou encontrar aquela que é a chave de seu retorno a si mesmo, da sua busca por imortalidade, do seu reencontro com sua própria alma. Ele encontra Hermínia.

Quando no momento em que o humano seria sacrificado pelo lobo da estepe, nesse momento em que alcançou o ponto mediano de sua passagem, ele encontra aquela mulher que devolveu-lhe a chave para a vida e para sua própria alma. Hermínia era não só uma mulher, mas a encarnação de sua alma... sua anima... ela lhe retirou da sua vida solitária e profundamente séria, para ensinar-lhe a fruir da vida leve e social que a todos está a disposição. Era preciso saber dançar...

Hermínia foi portanto aquela que outrora fora Beatriz, de Dante, ou mesmo Helena, de Fausto. Ela era a própria vida, aquela que carregaria o homem das paisagens planas e noturnas para o cume da montanha de onde brota as águas da vida. Pois quem um dia viu Beatriz passando pela ponte santa trinita nunca irá esquecer daquele momento.

Eis um livro que trata da alma e de suas dores, mas não somente delas, pois ele oferece uma redenção.